quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Tristeza


Tristeza


Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto o poento caminheiro;
Como as horas de um longo pesadelo,
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como um desterro de minha alma errante,
Onde fogo insensato a consumia…
Só levo um saudade – é um desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas…
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz – e escrevam nela:
Foi poeta, sonhou e amou a vida…


(Álvares de Azevedo)

7 comentários:

tecas disse...

Maravilhoso e triste poema de Álvares Azevedo.
Comovente. Boa escolha.
Parabéns. Abraço amigo.

Simone butterfly disse...

Poema melâncolico mais muito lindo! beijos carinhosos

Paulinha Barreto disse...

te desejo maravilhosa sexta e um ótimo final de semana, beijos

mfc disse...

Um poema lindo e muito sentido!
Um poema que nos toca cá dentro.

Álvaro Lins disse...

Excelente escolha: do poema e do poeta:)!
Bjo

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

O poeta é um sonhador sempre....
Grande abraço!

Penélope disse...

Sim, como já disseram - triste, porém sempre belo! Abraços