Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
(Fernando Pessoa)
5 comentários:
Que pérola!!!
não choro passados
nem sorrio o futuro
vido cada dia a dia
vivo nas nuvens
escondendo o sol
trago comigo a chuva.
Beijos querida.
Sempre Pessoa.
Ele conhecia por demais a natureza humana e sabia traduzi-la para nós em imagens lindas!
Eu jurava já tava te "seguindo" faz tempo Deia, mas sempre é tempo!!
Nem poeta consegue definir certas "dores" nao é. Quem somos nós, entao.
Linda escolha, amiga!
beijinho
Nosso poeta MAIOR sabia de tudo - principalmente do AZUL.
Abraços
Postar um comentário